terça-feira, 13 de maio de 2014

13/05 - dia 15, Berlim

Berlim é uma cidade bem contraditória. É linda e ao mesmo tempo um soco no estômago.

A memória da Segunda Guerra e do domínio soviético é muito forte por aqui, ainda. Há um sentimento geral de vergonha com relação a tudo isso. Bem no centro da cidade há um memorial para os ciganos, um museu dos judeus e um memorial que os russos construíram no meio da cidade, todos majestosamente preservados. Os restos do muro de Berlim podem ser facilmente encontrados, sendo um trecho deles construído em cima de um cemitério de vitimas de bombardeios dos aliados.

Isso invoca nas pessoas por aqui uma regressão acentuada da xenofobia que pode ser encontrada em diversos pontos da Europa e mesmo da Alemanha. Claro, ainda tem alguns, mas em geral Berlim parece ser uma cidade muito aberta socialmente, quando comparada à outras. Claro, nenhum cidadão de hoje tem culpa por nada, visto que pouquíssimos eram nascidos no período da guerra. Mas todas essas histórias espalhadas criam uma consciência tal.

Acho interessante. Claro que foi uma propaganda massiva contra o nazismo, e isso não está errado, mas que deixou de lado outras situações, como o massacre indígena nos EUA (pra não falar dos espanhóis e ficar no mais recente) ou a questão da palestina. Muitos outros lugares deveriam "cultuar" seus erros, mas esse é o primeiro que eu vejo efetivamente fazendo isso.

Também a relação com o comunismo é de amor e ódio. Se por um lado Marx é um dos pensadores mais influentes da Alemanha, por outro o regime soviético deixou marcas profundas no país. Também tem o fato de que a derrota na guerra veio por mão dos comunistas, mas evitou o aumento da vergonha deixado pelo nazismo. Não conversei com ninguém aqui sobre o assunto, mas deve ser interessante provar a visão deles sobre o tema...

Tudo isso faz Berlim uma cidade um tanto depressiva, se você parar pra ler a placas...

Mas também é uma cidade muito bem construída, com imigrantes de todos os lugares (se bem que mais turcos), parques surpreendentemente grandes bem no centro, praças e museus em abundância e uma grande quantidade de bicicletas, até facilmente alugadas, pra minha alegria! O rio não é tão integrado à cidade como em Munique, por exemplo, mas ainda é bem fácil de caminhar perto dele, o que é sempre muito agradável, em se tratando de rios limpos. E um falafel com uma cerveja (que eu pedi por engano achando que fosse suco...) sai por 4,10 euros, no kebab aqui perto!

No final, uma excelente cidade, não fosse esse maldito idioma!

O memorial dos russos

Muro de Berlim

O Senhor do Apfel - As Duas Torres
O símbolo de Berlim



quarta-feira, 7 de maio de 2014

07/05 - dia 9, Florença

Hoje é o último dia na Itália, estamos saindo de Toscana. Qualquer impressão negativa deixada por Roma e (principalmente) Nápoles podem ser deixadas de lado por essa região. Eles estão acostumados a receber turistas e tem estrutura pra isso, tanto histórica/cultural quanto relativas à preservação e transporte.

Fizemos as cidades de Pisa, Lucca, San Gimignano e Siena. As muralhas preservadas isolando o centro histórico dessas cidades mantém um ar medieval (apesar de terem sido construídas na idade moderna, mas vá lá...). Apesar disso, o cheiro de esgoto da época foi eliminado, fazendo a experiência muito mais animadora!

O ambiente natural também é encantador. São colinas cobertas de bosques e vinhedos, todos bem preservados. San Gimignano, especificamente, que fica no topo de uma colina, mostra bem essa mistura do ambiente urbano antigo com a natureza em torno.

Florença em si também não fica atrás. O rio bem preservado cortando a cidade faz com que se tenha um local muito agradável para se caminhar, e alguns parques amplos e bem cuidados cercam a cidade, além dos prédios antigos, todos muito próximos entre si, que compõe o centro da cidade.

Enfim, um trecho certamente mais interessante do que a famosa Roma.
San Gimignano

Florença

Lucca

Pisa

Siena

domingo, 4 de maio de 2014

04/05 - dia 6 - Roma

Hoje estou saindo de Roma e indo pra Florença. Neste tempo visitei a cidade em si, o Vaticano e fui até Pompéia (passa-se por Nápoles para ir até lá). Sinceramente, Roma não foi uma cidade que empolgou. as ruas são sujas e bagunçadas, as pessoas fumam em quase qualquer lugar (incluindo dentro de estações!), muitos dos monumentos são mal conservados e a igreja toma conta do lugar, com muito pompa, enquanto pedintes se juntam ao redor das catedrais.

Bom, claro que não é de todo ruim. Os pontos positivos incluem sorvetes deliciosos, fontes numerosas e bem construídas e pessoas receptivas (quase sempre). De qualquer jeito, é bem melhor que ficar em SP!

Foi curioso também cruzar essas informações com a vez que estive em Milão, e poder observar essa diferença brusca entre norte e sul da Itália. A cidade mais ao sul que conheci, Nápoles, é uma zona tão grande e tão feia que imediatamente lembrei das piadas sobre Carapicuíba...

Bom, espero melhorar minhas impressões em Florença!

Todo o charme do Paulão

Um dos corpos de Pompéia. Assombroso ver a expressão e crânio expostos juntos.
 

terça-feira, 29 de abril de 2014

29/04 - dia 1

Primeiras impressões:

1-Nunca mais terei passaporte brasileiro. Descobri q não preciso dele se tiver o português ao sair do Brasil, onde a fila pra estrangeiros são muito mais curtas no controle da PF. Mas ao chegar à Europa, a fila dos europeus que é mais curta, como devia ser, facilitando a vida dos moradores locais. Nossa fronteira precisa aprender a valorizar o próprio povo, imagino...

2-Do avião, tirei 2 fotos que ficaram muito ruins, mas foram bacanas de se ver do alto. 1 da Cordilheira Atlas, no Marrocos, e outra de Gibraltar, onde Africa e Europa quase se tocam. Coisa mais linda!

3- Fico 1 dia num hotel próximo do aeroporto, em Madrid. É um bairro chamado Capricho, o que faz muito sentido. Aqui é extremamente limpo, organizado, arborizado. Tem um parque maravilhoso e um projeto urbanístico estabelecido. Não lembro de locais em SP tão agradáveis de se andar pela rua como aqui, e olha que eu já andei quase a cidade toda. Aí temos as pessoas passando o final de tarde andando de bicicleta, passeando com os cães e fazendo exercícios com muito mais frequência.

Extra: Fiz o favor de desmaiar no avião, possivelmente por conta de um chá que não me caiu muito bem e me deixou profundamente nauseado, somado às febres que eu tenho tido nos últimos dias.Por sorte eu estava procurando um banheiro e apaguei na frente das comissárias de bordo e longe dos passageiros. Foi o momento mais legal da viagem, acordar deitado confortavelmente dentro do avião, o que nunca é possível na classe econômica!
Ao fundo, os Atlas. O titã estava de folga.


Eu vejo a velha Europa, eu vejo a mãe África.

segunda-feira, 31 de março de 2014

A 4° Pessoa

A língua portuguesa, como exemplo de forma de comunicação dinâmica e criativa, já está em necessidade de atualização. A mais urgente certamente é criar a 4° pessoa e formalizar os pronomes já aceitos pela população.
A quarta pessoa do singular seria o sujeito condicional "Se". Uso corriqueiro: "Se viu o jogo?" Notem que esse sujeito não necessariamente está lá, vai depender. Inclusive pode ter ido embora ou ter se defenestrado, caso tenha algum apego à linguagem antiga. Se não houver esse apego, certamente não haverá defenestramento, por falta de compreensão do termo... De qualquer maneira, é possível que o interlocutor esteja falando sozinho...
Já a quarta pessoa do plural terá o sujeito secreto "Agente". Usado, por exemplo, em "Agente vai pro bar". Ele é mais que oculto, pode estar em qualquer lugar, pode trabalhar no governo, ou até para os comunistas. É plural porque tem olhos em todos os locais, sabe de tudo. Certamente não é o tipo de pronome qual o qual podemos nos sentir confortável. Muito cuidado ao lidar com o sujeito de 4° pessoa "agente"!

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Duplo Cego

O amor (Eros) é uma ciência.
É preciso testá-lo com metodologia.
Com a repetibilidade da experiência,
falseabilidade como prerrogativa.

Não se pode afirmar ser amor de verdade
antes que se chegue ao final da vida.
Até que a certeza com a morte se pague
todos são sujeitos a uma recaída.

Porque uma palavra assim, forte
caso seja usada sem precaução
poderá vir perder sua razão.

Que péssima escolha! Não que me importe
Se embrenhar pela maior dor
e arriscar a compreender a natureza do amor!

segunda-feira, 4 de março de 2013

Busca


Talvez se eu pudesse
Ver além da minha espécie
que tudo enlouquece
Eu seria feliz?

Será que a alegria
Dissimulada magia
da realidade é varrida?
É só uma atriz?

Pois viva o instante
não seja pensante
do prazer vire amante
Quem é que me diz?

Há uma luz lá no fundo
Que ilumina meu mundo
Diz: pra ver mais profundo
Só falta um triz.